Othon Palace em Belo Horizonte.
Othon Palace de Belo Horizonte visto do Parque Municipal.

Othon está partindo, quase sem se despedir, deixando apenas a certeza da saudade que ficará, para todos aqueles que por lá se acolheram em seu conforto em meio ao caos urbano do centro de Belo Horizonte. O Othon Palace Hotel fechou suas portas: foi assim que me pegaram de surpresa numa dessas manhãs despretensiosas. Baita surpresa, se não muito arrisco. De cortar o coração.

O mal do século, quem me dera saber explicar melhor, é tudo aquilo que põe abaixo os nossos sonhos e nossas esperanças. É aquilo que bate à nossa porta para nos apresentar as mais temidas controvérsias e nossas tão inapetecidas antíteses, se me permitem o neologismo. Sei que é muito mais, mas é o que minhas palavras surradas me permitem dizer no momento. E lá se vai o Othon e sabe-se lá quantos sonhos esse portentoso edifício levará com ele.

Não vou me ater aqui à economia, à política ou toda égide que possa servir de um pretenso motivo para que Othon esteja se despedindo de nós. Seus motivos existem e suas dores não são mais justas ou injustiçadas que as nossas. Sua partida já foi anunciada. É um adeus em que nada me lembra um até breve. Fica para todos nós o que lembraremos dele.

E como ficará aquele conglomerado de arranha-céus no centro da capital mineira quando ele realmente nos deixar? O edifício continuará erguido, mas o todo sem a parte não é o todo. Espero que nos sobre muito mais do que o abatimento e nenhum destroço colossal. Que não fique apenas o vazio. Nem tão somente um grão de areia no limbo se espalhando para longe.

Roof top do Othon Palace.
Vista do roof top do Othon Palace Hotel.
foto: Divulgação.